Carta do Leitor
Tupã precisa criar novos empregos
Sou tupãense, casado, pai de família, sempre residente aqui. E com o passar dos anos, vamos verificando as necessidades de uma cidade, e analisando o dia a dia vamos vendo que nossas autoridades municipais não estão nem um pouco preocupadas com o futuro de nossa cidade, mesmo porque são apenas 4 anos que eles ficam no poder, e porque ou a troco de que eles, nesse período, vão querer resolver, ou pelo menos tentar resolver o problema de toda uma cidade? E pelo motivo de serem apenas 4 anos (ou 8 no caso de reeleição), mais um motivo para eles se preocuparem com o futuro da cidade, pois depois a vida volta à normalidade. Mas não devemos nos esquecer que eles não estão preocupados, porque a maioria deles tem outras ocupações, como presidente disso ou daquilo, e sendo assim, empregam seus filhos e familiares nos melhores cargos.
Nesse contexto reflito sobre o desemprego que concebo como uma atroz violência contra a dignidade do trabalhador.
Retomamos a seguir a identificação dos três sentimentos que nos invadem quando nos deparamos com as diversas formas de violência.
O primeiro sentimento que vislumbro é a indiferença, é a postura daqueles que de tanto conviver com a violência, com o desemprego e com a miséria, desenvolvem uma insensibilidade crônica. A dor e o sofrimento alheio não os enternecem. São indivíduos qual caramujos, voltados apenas para os seus problemas. A indiferença para com a violência perpetrada contra os tupãenses que o desemprego consubstancia chega a ser surpreendente, embora não inexplicável. Olvidam-se os que nutrem esse sentimento que podem ser as futuras vítimas do desemprego ou de suas consequências e que toda a sociedade ganha quando os trabalhadores têm efetivas oportunidades de trabalho.
O segundo sentimento encontradiço é a resignação, é a aceitação do desemprego como algo inerente à economia brasileira, mormente à economia paulista, contra o qual pouco ou nada se pode fazer. Para essas pessoas não adianta remar contra a maré se estamos predestinados à penúria. A oportunidade está fora do Estado de São Paulo, talvez até fora do Brasil.
O terceiro e derradeiro sentimento que observo é a indignação, é a revolta contra o desemprego que é capaz de golpear a dignidade do trabalhador. É a postura dos que não se limitam a lamentar, mas se insurgem contra o desemprego e não o admitem como algo natural e corriqueiro. Repudiamos o indignado retórico que esbraveja, mas nada faz, não aponta caminhos, apenas joga para a platéia.
Não pode perdurar um estado mental em que as pessoas ou estão desalentadas pela falta de emprego ou temerosas com o desemprego iminente. E que migrar é a única alternativa de sobrevivência. O desemprego tem de deixar de ser um fantasma a atormentar as famílias. A inarredável determinação governamental conjugada com uma mobilização da sociedade e da iniciativa privada resultará numa brutal transformação desse aterrador quadro anterior. Vinícius de Moraes em seu poema intitulado “O haver”, traduz numa expressão o que o combate ao desemprego representa: “contemporaneidade com o amanhã dos que não tem ontem nem hoje”.
Só vemos nossos dirigentes municipais se pronunciarem por meio de rádios e jornais locais sobre reforma de praças públicas, parque do atleta e agora nesse momento estão preocupados com o carnaval da cidade. Enfim, posso até estar mal informado, mas não vejo notícia nenhuma de que algum político está preocupado efetivamente em trazer alguma empresa para geração de emprego e renda em nossa cidade. Às vezes até se ouve dizer que esse ou aquele político está correndo atrás de algo, mas não sai disso. O tempo passa e nada acontece. Semana passada fiquei ainda mais indignado, pois fui informado (se é verdade, ainda não sei) que nossos dirigentes políticos não podem trazer empresa nenhuma para a nossa cidade por conta de ser Estância Turística. Meu Deus, se isso for verdade, nossos filhos estão mesmo perdidos, ou melhor, nós pais, pois queremos nossos filhos próximos, mas como vamos conseguir fazer isso? Fazemos o possível e o impossível para que eles estudem e sejam alguém na vida, mas ficando em nossa cidade, o máximo que vão conseguir será ser secretária de consultório médico, doméstica, ou talvez ir para o corte da cana (não desmerecendo nenhuma das profissões acima), mas não é isso que eu quero para minhas filhas!
Fazendo os cálculos, Tupã hoje era para ser uma cidade de mais de 100 mil habitantes. Quando na realidade tem pouco mais de 64 mil. Por que será? Qualquer um sabe a resposta: tudo por culpa do desemprego.
A cada 4 anos, quando ocorrem as eleições, nossas esperanças se renovam. Mas é ainda pior. Não vemos um prefeito ou vereador se dedicando de verdade, correndo atrás, buscando os empresários de outras cidades, trazendo-os até aqui, provando que aqui eles vão ter ainda mais lucros. O que tem ocorrido é a Prefeitura pagar aluguel de barracão, ou isentar empresas por 2 ou 3 anos. Mas terminado esse prazo, essas empresas vão embora e pronto. Na verdade, precisamos de empresas sérias, compromissadas com o crescimento e com a geração de empregos. Não de aventureiros.
Outra coisa que é muito triste é o que está acontecendo em nossa cidade. Um vereador conhecido vai até a rádio falar do déficit de moradias e anunciar que a Prefeitura está trazendo não sei quantas casas e que se necessário for, vai trazer mais não sei quantas. Meu Deus. E o déficit de emprego, por que vocês não falam sobre isso? Tudo bem, moradia é importante, mas o emprego é muito mais. Ou será que essas casas são de graça e quem lá for morar, vai ficar isento de qualquer tributo, não irá pagar água e energia elétrica e ainda terá uma cesta básica no valor de uns R$ 500, mais uma mesada para roupas e calçados de toda a família. Aí sim, porque não se tem emprego na cidade. E não é isso que queremos, pois ai estaríamos formando vagabundos. Tupã precisa urgente de emprego digno.
Tupã, 14 de fevereiro de 2011
Laércio Rodrigues
Publicado no Jornal Diário 14/02/2011
Para conferir o texto original clique aqui após entrar na página do Jornal, acesse o link Geral
Esta carta pode nos levar a vários questionamentos!
Pense!
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